Nossa querida leitora A.J. de 18 anos, está sofrendo muito com o medo da rejeição paterna a seu relacionamento, vejam o que ela nos contou:
“Há 4 meses estou namorando um rapaz mais novo (17 anos). E estou meio insegura para apresentar ele aos meus pais, por temos vidas diferentes. Além do mais, moramos em cidades diferentes (muito distantes uma da outra). Estou com muito medo de meu pai não deixar, ele é super rígido e arcaico. Estou insegura pelas consequências. Tipo não quero que ele nos afaste quando souber. Me ajude. Eu não quero mais que nosso namoro fique no anonimato, mas estou com muito medo.”
Este é um assunto muito delicado, pois envolve muito mais que uma relação a dois, e sim uma rede familiar e seus conceitos e valores. Vamos devagar então.
Primeiramente é importante tratarmos a questão da necessidade de aceitação paterna de A.J. Relações familiares hierárquicas e machistas, ou como ela mesma definiu “arcaicas” tendem a gerar uma auto estima fragilizada, com uma grande necessidade de ser “aprovada”. Muito mais que o medo de seu pai não aceitar o namoro, está o medo de seu pai não aceitar a sua escolha, sua capacidade de selecionar alguém para namorar. A base do medo está no julgamento do pai. A insegurança de A.J. a leva a distorcer a realidade de maneira negativa, transformando situações ditas normais, em grandes absurdos, como por exemplo “estou namorando um rapaz mais novo”, como podem comparar A.J. tem 18 e seu namorado 17, não há uma diferença tão gritante a ponto de ser um problema, mas ela o enxerga como tal.
O que é fato é que não escolhemos quem vamos amar. Muitas vezes se pudéssemos escolher, teríamos feito diferente. E acredito que esta é a chave do drama de hoje. Não temos poder sobre os sentimentos alheios, e por mais expectativas que criemos, o outro é um enigma, e nunca teremos 100% de certeza qual será a reação, isto só descobriremos deixando acontecer, para só então lidarmos com o que virá.
O sofrimento por antecipação é muito ingrato, pois só alimenta fantasias, e faz crescer neuras e medos. Por isso quanto mais tempo levamos para encarar um fato, mais amedrontador ele se torna.
E este drama é tão complicado que foi até parar nas telinhas, a animação
“Os Croods” trata desta situação de uma maneira muito engraçada e sutil, e nos faz repensar os dois lados.
Mas há maneiras para amenizar este confronto. Geralmente o machismo encara a mulher como um ser indefeso e incapaz, que precisa ser cuidado e defendido, um modo de reverter isto é procurando demonstrar sua maturidade e seu poder de cuidar de si mesma. Se apoiar em pessoas queridas também ajuda muito, alguém que poderá ajudar a ver o outro perceber que não é tão ruim quanto ele pensa, que o fará refletir e rever conceitos, geralmente as mães e irmãos são ótimos parceiros nesta tarefa!
Não forçar a barra no início também é um alerta, achar que ao contar já poderá levá-lo para passar um domingo em casa é um pouco demais, é preciso paciência, deixar acontecer de maneira mais natural e confortável para ambos. E o mais importante é não bater de frente, temos que pensar que tudo o que o outro quer é causar um desconforto para culpar alguém, no caso o namorado novo, além do mais briga só gera briga, então ao invés disto, assumir a boa e velha regra do diálogo, expressar seus sentimentos e desejos, ouvir com tolerância, esperar a poeira abaixar para retomar o assunto, entre outros é sempre mais recomendado.
Por fim a ajuda se torna inviável, afinal por enquanto estamos falando de algo que nem aconteceu, de medos gerados por hipóteses, e inseguranças que se baseiam em situações muito mais íntimas do que um namoro recente. Então minha querida A.J., espero que após refletir conosco seus medos, possa criar coragem para encarar seu pai e ver o que vai acontecer, e se algo lhe causar sofrimento, mande a continuação de sua história para nós, teremos o maior prazer de procurarmos juntos uma maneira para ajudá-la.
Alguém mais vivenciou este “medo” da rejeição? Contem suas histórias nos comentários, ajudem nossa leitora A.J. a sentir-se mais segura com a experiência de vocês.
Obrigada pelo carinho e até a próxima!
(As informações contidas nesta publicação NÃO substituem um atendimento real em setting terapêutico adequado com um profissional psicólogo qualificado.)
***OBS: Quem quiser participar da sessão Apaixonadas no Divã, pode enviar e-mail para blognamorados@gmail.com com este título.***