Oi meninas, acesso o blog sempre que posso e busco logo pela postagem das Apaixonadas no Divã, pois geralmente me conforto com algo que leio, mesmo quando a história é totalmente diferente da minha. Bem, eu tenho 23 anos e sou solteira, porém há oito anos sofro por um amor imperfeito. Moro numa cidade pequena do interior de SP e desde criança mantive uma amizade com esse rapaz o Beto (nome fictício), aos quinze anos nós começamos a nos relacionar amorosamente, ele é muito divertido, muito brincalhão e eu me envolvi completamente. Eu tinha tanta confiança que me entreguei a ele em poucos meses após ficarmos juntos pela primeira vez. Eu sentia como se fôssemos namorados, frequentávamos um a casa do outro, íamos à escola juntos, depois íamos aos cursinhos. Fomos pra praia um com a família do outro, entretanto nunca assumimos nada e quando estávamos com outras pessoas ele não me tratava como namorada e sim como amiga. Eu estranhava, mas nunca cobrei nada, apesar de sonhar com o dia em que ele me daria uma aliança.
A mãe dele sabia mais ou menos do que acontecia, pois na maioria das vezes nós ficávamos juntos no quarto dele, na casa deles. A minha vida perdeu o sentido, quando minha irmã por parte de pai (mais velha 3 anos que eu) veio do Rio de Janeiro onde vivia com a mãe, para viver com a gente. Nós conversávamos por Orkut e MSN na época e eu era louca por ela. Quando completei 18 anos ela chegou e eu fiquei muito feliz, sonhei muito em conhecê-la, mas fui pega de surpresa quando o meu amor, o Beto se apaixonou por ela. Minha irmã é muito irreverente, é mais velha e tem muitas experiências de vida, ela é bonita e muito divertida e acho que isso o cativou. Na época eu não queria acreditar que isso estava acontecendo, ele perguntava dela pra mim, queria que eu o ajudasse a conquistá-la e quando transávamos ele falava comigo como se estivesse falando com ela. Eu me sentia mal com isso e fiquei muito pior quando meses depois eles começaram a namorar. Meu mundo caiu. Eu emagreci uns seis quilos em um mês. Achei que ia morrer. Chorei dias a fio... Meus pais se preocupavam, minha irmã também, porém eu nunca tive coragem de dizer o que era. A mãe do Beto me aconselhava a me afastar e se compadecia do meu sofrimento.
O namoro deles era muito conturbado, ambos são geniosos e o Beto tinha muito ciúme dela. Quando brigavam ele me procurava e eu por carência acabava ficando com ele, depois eu ficava com a culpa. Ele dizia que eu era a pessoa certa, que amava ficar comigo, que transar comigo era surreal, mas que amava a minha irmã e não conseguia deixá-la.
Eu tinha muita esperança de que eles terminassem, mas isso não aconteceu. Cerca de dois anos após o inicio do namoro eu coloquei um ponto que deveria ser o final. Comecei a trabalhar e até arrumei um outro namoradinho na faculdade, mas não conseguia ir pra frente. Não me envolvi. Eu penso que enlouqueci!
Liguei pro Beto desesperada e nos encontramos. Eu disse tudo... Disse que precisava dele, que o amava muito, que ele tinha que ficar comigo. Chorei muito e ele também, acho que ele se sentia dividido, não sei... Nós nos beijamos e ficamos juntos por alguns minutos dentro do carro. Eu pensei que aquela entrega seria um sim, mas logo ele me voltou pra realidade, disse que precisava ir pra casa porque ia sair com minha irmã.
Depois disso fiquei muito abalada de novo. Evitei de vê-lo e de saber notícias, minha irmã, coitada, até hoje não sabe de nada e às vezes questiona o motivo do meu afastamento. Brincando ela diz que sou apaixonada por ele.
Ela engravidou e eles se casaram no civil. Estão morando juntos e brigando muito. O bebê nasceu no fim de agosto. E eu me sinto tão suja! Tão nojenta! Eu me sujeitei a cada coisa por esse amor doente. Sempre que tem algum evento familiar eu tenho que inventar outra coisa, porque senão me machuco ainda mais. Na páscoa não resisti e me entreguei a ele de novo, depois em junho no dia dos namorados também ficamos juntos e quase rolou mais coisas... Eu tô desesperada! Não sei o que fazer, não consigo esquecer. Eu vivo angustiada, com medo de alguém perceber alguma coisa de verem algum olhar nosso... Não sei. Quando sei que ele estará por perto eu tenho crises de ansiedade, não como, não me concentro... Por favor me ajudem! Minha sobrinha nasceu e eu a amo muito, queria muito poder ter contato com ela, minha irmã disse que eu serei sua madrinha, mas não posso fazer isso, meu Deus! Como vou visitar minha sobrinha desse jeito? Eu sou muito vulnerável ao Beto ainda, e ele sabe disso... Eu preciso de ajuda, de um conselho. Por favor me ajudem!
Apesar de todo o caos, a “origem” do problema é um perfeito exemplo do dito popular “bola de neve”, algo que começa pequeno e fica gigante ao passar dos acontecimentos.
E a primeira gota d’água desta tempestade foi a omissão no início da relação, a dificuldade ou medo de se posicionar frente a uma situação incômoda, que era o fato do não assumir a relação, que obviamente existia. Ao se calar sempre que era apresentada como “amiga”, S.L. acabava mandando uma mensagem incoerente com seus reais sentimentos ao parceiro, que acreditava que para ela estava tudo tão confortável quanto para ele, que nos parece claro sempre achou muito conveniente manter esta amizade colorida.
Se a omissão inicial já foi suficiente para proporcionar sofrimento a nossa querida S.L., as mentiras que a seguiram só pioram estes sentimentos negativos. Ao não revelar a irmã sobre a existência de um envolvimento com “Beto”, acabou por gerar um abismo emocional difícil de contornar.
Entretanto, antes de prosseguir, há um ponto obscuro e incoerente que vale a pena ressaltar. Parece improvável que a irmã de S.L. não saiba de toda a história atualmente, afinal, pelo que nos contou, frequentavam a casa um do outro, e mantinham trocas afetivas sem censura, logo haveria inúmeras formas dela ficar sabendo. E por que isso é importante? Porque talvez a irmã de S.L. não seja tão vitima quanto a culpa dela faz parecer.
Como toda relação doentia, há a presença de um jogo manipulativo por uma das partes, que alimenta a ilusão de um “final feliz” que nunca acontecerá, na maioria das vezes. O fato de Beto sempre procurar S.L. para se satisfazer, só piorou seu estado emocional, é a eterna briga entre razão e emoção. E por mais dolorido que possa parecer, não parece provável que havia dúvidas por parte dele: aparentemente para ele sempre foi curtição, não amor.
Sem delongas, infelizmente, as consequências desta situação foram longe demais. E já afetaram a vida de todos, e não há mais como amenizar o sofrimento já causado. Esta é uma cicatriz que todos vão ter que conviver. Mas calma, isso não significa que está tudo perdido! É possível sim reverter o jogo e seguir em frente.
O primeiro passo a ser considerado é ter uma conversa franca com a sua irmã, contar-lhe como se sente, e principalmente explicar porque não tem condições de ser madrinha da criança fruto deste conflito. O afastamento também é necessário, quem sabe considerar a possibilidade de se mudar, fazer um intercâmbio ou faculdade em outro local. Há momentos em que a distância é o melhor de nossos aliados.
Levando em consideração todo o sofrimento gerado, a busca por um tratamento psicológico é estritamente recomendável, pois ao que tudo indica já atingiu um nível patológico que pode lhe levar a quadros clínicos mais graves se não tratado.
Então querida S.L., procurar ajuda profissional para superar sua culpa e poder conviver com sua sobrinha, para finalmente quebrar o elo vicioso de ceder ao jogo manipulativo de “Beto”, e, principalmente, desenvolver uma atitude mais impositiva frente aos seus desgostos, deixando de adotar posturas auto-sabotadoras é a melhor saída para este problema. Com muito afeto desejo-lhe que encontre seu equilíbrio emocional e possa superar este amor doentio e ir em busca da real felicidade.
E vocês o que sentiram com o caso de S.L.? Não deixem de compartilhar suas experiências, sentimentos e opiniões através dos comentários!
Beijo a todos e até a próxima!
(As informações contidas nesta publicação NÃO substituem um atendimento real em setting terapêutico adequado com um profissional psicólogo qualificado.)
***OBS: Quem quiser participar da sessão Apaixonadas no Divã, pode enviar e-mail para blognamorados@gmail.com com este título.***