Nossa querida Leitora A.C. compartilhou conosco na Sessão "Apaixonadas no Divã" um drama muito recorrente e de certo modo polêmico: MORAR OU NÃO COM A SOGRA?
Acompanhem sua história:
"Eu namoro há muitos anos e de uns meses pra cá estamos conversando bastante sobre casamento. Somos felizes e não tenho dúvidas do que ele sente por mim, entretanto há um grande problema: Ele quer que a mãe dele more conosco.
Ela não tem marido e meu namorado não quer "abandoná-la". A minha sogra não é uma péssima pessoa, mas ela não quer ficar sem meu namorado de jeito nenhum e se ele casar, ela quer que eu vá morar lá com eles. Eu não gosto do bairro em que eles moram. É muito distante de tudo na minha rotina. Ou seja, morar lá: Jamais!
Minha sogra gostaria que eu fosse evangélica como ela, isso me incomoda muito porque sempre que nós conversamos, ela toca nesse assunto. Sei que na cabeça dela, é para o meu bem, mas não me sinto à vontade sendo pressionada assim. Minha sogra ajuda a cuidar dos netos e eu não aprovo o modo que ela os cria e eu tenho muito medo que ela crie de forma errada os meus futuros filhos.
Minha sogra quer fazer tudo do jeito dela. Se eu cozinho ou faço qualquer coisa, ela me corrige como se eu fizesse tudo errado e ela sempre fica querendo me ensinar a fazer tudo do jeito dela, sendo que eu tenho o meu modo de fazer.
A minha reflexão: Eu, recém casada, na minha casa nova sem poder ficar à vontade??!! Eu fico pensando "como vou fazer um jantar romântico?", "como vou poder ficar em casa à toa de camisola num dia de folga?", "como vou poder ter momentos íntimos com meu marido com a sogra direto em casa?" "e no caso de uma discussão, como vai ser ela tomando partido por ele?" etc etc etc...
Eu quero simplesmente ter a minha vida de casada em paz. Minha casa nova, meu maridinho, minha família. Decorar da forma que eu quiser, cozinhar da forma que eu quiser, limpar da forma que eu quiser, fazer o que eu quiser...
Prefiro perder o homem da minha vida, o rapaz que namoro há tantos anos e tive tantos momentos maravilhosos, a ter que enfrentar um stress desses lá na frente"
Como percebem pelo desabafo de nossa leitora, as expectativas negativas frente a possibilidade de residir na mesma casa de sua sogra estão servindo como alavanca para o desequilíbrio da saúde de seu relacionamento. Por isso antes de falarmos sobre o fato principal, é importante salientarmos a questão dos “limites”. É importante entendermos que a intromissão só acontece quando nós permitimos, mesmo que inconscientemente. É preciso estabelecer limites desde o começo para não “dar corda” para atitudes que nos desagradam. A pressão que A.C. comenta só acontece por que provavelmente ela acaba se omitindo para evitar desentendimentos, e inclusive, esta dificuldade de se impor é o que reforça ainda mais sua insegurança de dividir uma casa com sua Sogra, pois como ela mesmo diz ela não vai conseguir se "segurar". O que quero dizer é que o fato de morar na mesma casa ou a 1000 km de distancia não garante que não haverá intromissões, porque o limite é estabelecido em nível relacional, e não deve depender do espaço físico.
Outro ponto importante é o quesito abertura. Muitas vezes nos apegamos tanto em nossos valores, que não nos permitimos se abrir para novas possibilidades. Nos fechamos a tal ponto, que qualquer tentativa de interferir em nosso modo é encarado como grande afronta. E neste ponto é muito válido refletir e repensar. Porque não tentar encarar a “correção” de sua Sogra como uma “sugestão”? Porque não se permitir experimentar fazer diferente? Claro que sejamos realistas, mãe é mãe, e para mãe ninguém é perfeito para um filho, só ela. Então a lei do bom senso tem que prevalecer, relevar certos comentários, ignorar certas atitudes não é um grande sacrifício, e quem possui um relacionamento duradouro sabe que isto faz parte, não é mesmo?
“Morar com sogra nunca dá certo”, na verdade não é bem por aí, existem muitos casos de sucesso, por que o segredo para qualquer relação humana é o respeito. Havendo respeito a harmonia é alcançada em qualquer relação. A regra “meu limite termina onde começa o seu” é super verdadeira nesta questão. Então não é possível afirmar que não daria certo sem tentar, o que seria mais correto dizer é que não há o desejo que dê certo, pois não existe intenção favorável para esta possibilidade.
O medo do desamparo vivenciado pelo namorado de A.C. é outro ponto muito comum em muitos casos. Este sentimento de “abandono” acontece pelo vinculo de dependência estabelecido em ambas as partes, que ate então tinham apenas um ao outro. Mas na verdade este sentimento é equivocado, porque assim como os limites não dependem do espaço físico, o acolhimento e amparo também não. Podemos sim cuidar de alguém a distância, trata-se de uma questão de adaptação.
E aí chegamos ao conflito principal do problema: o egoísmo. Por parte de A.C. de querer que tudo seja do jeito que ela planejou, e por parte de seu namorado, de apenas estar pensando no bem estar dele e de sua mãe e desconsiderando o desejo de sua futura esposa.
E o ingrediente mágico que esta ausente é o consenso. É necessário uma conversa franca entre o casal estabelecendo todos estes pontos para se chegar a uma realidade que contemple o desejo e as condições dos dois. Definir por exemplo o acesso da sogra na nova casa, onde e quando ela pode se envolver, resolver a questão da residência, qual o bairro mais adequado para os três, e qual a distancia aceitável para a proximidade (que ele quer) e distancia (que ela quer) para sogra morar, entre outros. Depois de muitas conversas e cada um abrindo um pouquinho mão de suas vontades é perfeitamente possível chegar a uma solução.
Então querida A.C. não desista agora, se há amor envolvido, vocês dois encontraram uma maneira para alcançar o sonhado “final feliz”, e quanto a seus medos e inseguranças, lembre-se que mesmo que planejemos, não temos o controle sobre tudo, e que inevitavelmente o casamento envolverá mudanças, estresses, adaptações desagradáveis, independente de sua sogra. Por isso tente se preocupar menos com o futuro, e procure viver seu presente, buscando olhar o lado bom das coisas, e não temer o lado ruim que talvez nunca aconteça. Te desejo toda a felicidade e que possa viver sua vida de casada como sempre sonhou, privilegiado sempre o respeito e cumplicidade necessários para um relacionamento duradouro e saudável.
ESTÁ PASSANDO OU JÁ PASSOU POR DRAMA PARECIDO? COMPARTILHE CONOSCO NOS COMENTÁRIOS, ADORAMOS CONHECER A HISTÓRIA DE VOCÊS!
Um grande beijo à todos e até a próxima!
(As informações contidas nesta publicação NÃO substituem um atendimento real em setting terapêutico adequado com um profissional psicólogo qualificado.)
***OBS: Quem quiser participar da sessão Apaixonadas no Divã, pode enviar e-mail para blognamorados@gmail.com com este título.***