Olá queridos leitores, no caso de hoje da Sessão Apaixonadas no Divã, falaremos sobre perdão x confiança. Nossa leitora M.L. está com dificuldades para lidar com esse conflito de sentimentos e mandou sua história aqui para coluna, acompanhem comigo seu relato:
Bom dia!
Sempre acompanho o blog e o ''apaixonados no divã'' esperando que alguém tenha uma história parecida com a minha, e como ainda não surgiu resolvi escrever.
Realmente não sei mais o que fazer e nem quem procurar para tentar me ajudar, tinha vergonha de escrever pra vocês, mas aqui estou.
Me chamo M.L. e tenho 24 anos, sou de PE, hoje estou casada (morando junto) e tenho um filho de 1 ano e 5 meses.
Mas começando a história do começo...
Conheci meu primeiro namorado sério (por quem realmente me apaixonei) no ensino médio, cursamos o último ano juntos, e entre todas as idas e vindas ficamos juntos durante 3 anos. Após o final do nosso ensino médio, ele fez um concurso público para fuzileiro naval, passou, e ficou fora durante 6 meses (no Rio de Janeiro), depois foi transferido para RN que é mais próximo de PE, então como nós havíamos combinado, quando ele foi transferido para Natal, eu fui morar com ele lá, porém a mãe dele nunca gostou de mim e nós terminamos porque ela não aceitava que eu estivesse lá com ele. Então voltei a PE e segui com minha vida, 3 meses depois, fui a uma festa do meu antigo emprego (que larguei quando fui embora.) e lá conheci meu esposo.
Porém, eu vim de família evangélica, e mesmo indo a festas (não vejo nada demais nisso) nunca gostei de nenhum envolvimento com bebidas, nem nada que não fosse considerado ilícito.
E meu esposo não era bem o tipo de homem que eu considerasse ideal pra mim.
Ele era festeiro, bebia e, segundo o que nossos amigos em comum me diziam, não queria nada sério com ninguém.
Mas nessa festa ele veio conversar comigo, me chamou pra dançar, eu não quis e ele me pediu o meu número, dei o número a ele e até hoje não sei como ele anotou pois estava do lado dele, ele estava bêbado e não vi ele anotando, mais no outro dia ele me mandou uma SMS e dai nós começamos a conversar, e a medida que nós conversávamos e que eu ia conhecendo mais ele, eu fui me apaixonando e fui percebendo que na verdade ele não era só aquele menino festeiro. Passamos uma semana trocando SMSs e quando nos encontramos, começamos a namorar. Depois de ter passado por tanta coisa com meu ex, não pensei que fosse me apaixonar de novo e muito menos que fosse acontecer tão rápido. Mais me apaixonei por ele, de uma forma que nem imaginava.
Porém sempre tive o pé atras, pelo que diziam. Pedi que ele parasse de beber, disse que não aceitava e não ficaria com ele dessa forma, e ele aceitou.
No começo tudo ia bem, até eu achar uma conversa dele no facebook com uma menina, chamava ela pra passear de ônibus, dizia que ela era linda, e quando fui questionar ele, ele me disse que era uma brincadeira, que eu não sabia do que se tratava, e mesmo sabendo que ele estava mentindo, deixei pra lá.
Eu sempre fui muito ciumenta e após isso, passei a desconfiar de tudo.
Resolvemos então que pararíamos de usar o whatsapp, pois ele dizia que não queria brigas e que eu tinha muito ciúme e pra evitar pararia de usar, eu concordei e disse que também iria parar.
Um tempo depois, descobri que ele estava usando escondido, brigamos por isso, mas eu acabei deixando pra lá de novo. Terminamos e voltamos várias vezes, até que engravidei.
Com a gravidez, ele se mudou para minha casa, e ficamos morando com meus pais.
Ele trabalhava longe, ia e voltava de moto (o que fazia o percurso ser muito mais rápido), ele largava às 18h, mas sempre chegava por volta das 21, 22h. No sábado, largava às 13h e chegava em casa no mesmo horário, 21, 22h, e sempre dizia que estava trabalhando.
Então resolvi terminar, pois ele já não agia da mesma forma comigo, nunca estava em casa, sempre arrumava desculpas, e sempre de conversas pelo canto no celular.
Terminamos e eu estava com 7 meses de gravidez.
Até nosso bebe nascer, não nos falamos, e durante esse tempo, vi várias fotos dele com uma outra menina, e ele até hoje jura que nunca teve nada com ela. Depois que nosso bebê nasceu, voltamos a nos falar e uns 4, 5 meses depois voltamos a ficar, porém não assumimos nada sério.
Após um tempo, que não sei dizer quanto, resolvi que deveria tomar uma decisão, pois descobri que enquanto ele ficava comigo, ficava com outra também, me mudei da casa dos meus pais com meu filho, e tive uma conversa definitiva com ele, ou ele assumiria nossa família e deixava o resto de lado ou não iriamos mais nos ver.
Ele acabou se mudando comigo, e eu disse que deixaria tudo para trás e começaríamos tudo de novo.
Porém, ele continua com as conversas, não larga o celular, e recentemente, vi uma mensagem enviada por uma ''amiga'' minha para ele, e ao questioná-lo ele me disse que conversava com ela as vezes, que ela sempre perguntava por mim e nosso filho, mais, essa ''amiga'' não é flor que se cheire, e na primeira festa onde ele pegou o meu número, ela queria ficar com ele, depois disso briguei com ela uma vez quando nós terminamos o namoro e ela foi conversar com ele, e dentre esse tempo todo ela não teve nenhum contato comigo, mas sempre falou com ele e eu nunca soube, mesmo já tendo brigado com ela.
Enfim, depois de tantas mentiras que descobri, e as conversas dele pelos cantos, não consigo confiar, e não sei mais o que fazer, temos um filho, uma família, e perdoei tudo por gostar muito dele, mais não sei mais o que fazer, pois ele não me dá motivos para confiar, o que faço?
Desilusões passadas geralmente são grandes responsáveis por nos fazer enxergar além de nossas expectativas, há inúmeros casos de pessoas que após sofrerem por amor, acabam abrindo espaço para outros tipos de pessoa, na esperança de encontrar alguém “diferente” do ex acreditando ser esta a solução para não sofrer mais. Muitas vezes essa abertura é bem sucedida e realmente resulta num amor verdadeiro e felicidade garantida, mas em outras a frustração é presente, pois sabemos que caráter não tem nada a ver com personalidade.
E por que isto acontece? Normalmente após um sofrimento intenso passamos por uma fase de grande vulnerabilidade, onde a intensidade dos acontecimentos é dobrada, pois nosso maior desejo é voltar a sorrir não importa o que aconteça. Infelizmente, por conta disto, às vezes nos iludimos e temos dificuldades de enxergar a realidade.
Nos meus anos de experiência clínica comprovo dia a dia a teoria de que pessoas não mudam, mas sim se transformam em uma versão melhorada de si, pois trata-se de uma questão de essência, construída desde o primeiro dia de nascimento. Somos o resultado de nossas vivências e relações, e isso é inexorável.
O que quero dizer é que “perdões” baseados na crença de que o outro “mudou” ou “vai mudar” são apenas maneiras de prolongar o inevitável. Para que o perdão seja efetivo, deve-se juntamente acontecer a aceitação do outro, para então juntos superarem o fato. Afinal somente assim a confiança necessária para um relacionamento a dois pode se restabelecer e crescer.
Um erro muito comum é o famoso “deixar pra lá”, como nossa leitora M.L. relatou em sua história ter feito por inúmeras vezes. Anular os próprios sentimentos para não precisar discutir é um problema, pois além de fazer mal para si mesmo, não contribui em nada para o relacionamento, pois como sempre comento, o outro não tem bola de cristal para adivinhar o que se passa dentro de seu coração. É preciso sim dizer/demonstrar quando algo não vai bem, (e quando vai muito bem também) pois deixar para lá, só aumenta as chances daquilo se repetir, como aconteceu com M.L.
Em muitos momentos podemos ser levados pela avalanche de acontecimentos e quando nos damos conta há muita coisa envolvida, como um filho, por exemplo. E nesta hora o mais indicado a se fazer é balancear os prós e contras e principalmente o potencial de melhora que a relação apresenta. É preciso se questionar sobre todas as possibilidades positivas e negativas e só então depois de uma boa conversa com o parceiro, decidir se há chances ou não para vocês dois.
Mas fica o alerta, sejamos realistas, é preciso vestir os óculos da clareza para perceber se nosso desejo de que as coisas melhorem não está afetando nossa percepção do outro. Ou seja, se o outro nos deu mil sinais de que não vai ser como gostaríamos talvez seja a hora de buscar alguém mais compatível com seus ideais.
Então querida M.L. procure refletir e balancear até que ponto o seu “querer que dê certo” não está extrapolando a realidade, e mais, antes de levar em consideração tudo envolvido, olhe primeiramente para si mesma, pois estando infeliz não fará nem seu filho e muito menos sua família prosperar. A família é um tripé, se um dos pontos não está firme, tudo desaba. Desejo que seja forte para poder escolher e que encontre sua felicidade o mais rápido possível.
É isso pessoal, espero que tenham gostado do tema de hoje e continuem acompanhando e participando da coluna “Apaixonadas no Divã”.
Um grande abraço e até o próximo caso inédito!
(Atenção: As informações contidas nesta publicação NÃO substituem um atendimento real em setting terapêutico adequado com um profissional psicólogo qualificado.)
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***OBS: Quem quiser participar da sessão Apaixonadas no Divã, pode enviar e-mail para blognamorados@gmail.com com este título.***