Olá queridos leitores! Como estão? Já estava com saudades! O caso de hoje na sessão Apaixonadas no Divã aborda um drama muito delicado: o luto.
Nossa leitora L.C. infelizmente perdeu seu namorado em um triste acidente e está com dificuldades em seguir em frente, acompanhem comigo seu desabafo:
Eu adoro o blog, apesar de não ter namorado no momento. Minha história é um pouco triste. Namorei 5 anos com um rapaz e tínhamos planos para casar e ter filhos, mas o destino não quis assim. Ele faleceu em um acidente de moto há 1 ano e desde lá não consigo mais ter nenhum relacionamento com ninguém. Parece que meu coração se fechou, apesar de tentar, não estou conseguindo. Vocês poderiam me ajudar com algumas palavras amigas?
Para entendermos o caso de L.C. vamos falar um pouquinho sobre o processo de luto. Nenhuma perda é fácil, e sempre nos atinge de alguma maneira, mas perdas por falecimento tendem a ser ainda mais dolorosas, pois afetam diretamente o conceito de finitude e irreversão.
Apesar de nos ocasionar mudanças (na maioria das vezes temporárias) o luto, desde que seja superado, não é considerado uma condição patológica. O processo de luto “normal” dura aproximadamente 2 anos, caso persista após este período o mais indicado é a procura por tratamento adequado. A pessoa enlutada pode apresentar um ou mais destes “sintomas”:
- Entorpecimento: O indivíduo recentemente enlutado sente-se descrente, em choque, atordoado, desamparado. Isso acontece devido à dificuldade em aceitar a perda.
- Negação: Se apresenta como mecanismo de defesa frente a essa situação tão dolorosa.
- Anseios: Crises intensas de choro e Dor profunda – A perda pode gerar um grande anseio por reencontrar a pessoa morta. A impossibilidade desse reencontro pode gerar crises intensas de choro e dor profunda, assim como uma preocupação excessiva com seus pertences e objetos que tornem sua lembrança viva.
- Culpa: Em muitos casos, esse sentimento é bastante presente. O enlutado pode, ao relembrar alguns eventos vivenciados com a pessoa morta, achar que deveria ter agido de forma diferente nessas ocasiões, ou, até mesmo, que poderia ter evitado sua morte.
- Raiva, desespero, falta de prazer e hostilidade: Muitas vezes, o enlutado se volta contra amigos, familiares, médicos, Deus e, quando há o sentimento de culpa, contra si mesmo. Ele pode vir a se afastar dos amigos e do convívio social assim como perder o prazer e interesse no mundo externo, tanto em atividades novas quanto costumeiras.
Em Psicologia consideramos que o luto é dividido em 5 etapas fundamentais:
1) A negação- Surge a primeira fase do luto, é no momento que nos parece impossível a perda, em que não somos capazes de acreditar. A dor da perda seria tão grande, que não pode ser possível, não poderia ser real.
2) A raiva – A raiva surge depois da negação. Mas mesmo assim, apesar da perda já consumada negamo-nos a acreditar. Pensamento de “porque a mim?” surgem nesta fase, como também sentimentos de inveja e raiva. Nesta fase, qualquer palavra de conforto, parece-nos falsa, custando acreditar na sua veracidade
3) A negociação- A negociação, surge quando o individuo começa a por a hipótese da perda, e perante isso tenta negociar, a maioria das vezes com Deus, para que esta não seja verdade. As negociações com Deus, são sempre sob forma de promessas ou sacrifícios.
4) A depressão – A depressão surge quando o individuo toma consciência que a perda é inevitável e incontornável. Não há como escapar à perda, este sente o “espaço” vazio da pessoa (ou coisa) que perdeu. Toma consciência que nunca mais irá ver aquela pessoa (ou coisa), e com o desaparecimento dele, vão com ela todos os sonhos, projetos e todas as lembranças associadas a essa pessoa ganham um novo valor.
5) A aceitação – Última fase do luto. Esta fase é quando a pessoa aceita a perda com paz e serenidade, sem desespero nem negação. Nesta fase o espaço vazio deixado pela perda é preenchido. Esta fase depende muito da capacidade da pessoa mudar a perspectiva e preencher o vazio.
Obs. As fases do luto, não possuem um tempo predefinido para acontecerem.
Algo que eu gostaria de enfatizar é que NUNCA devemos fugir do luto, ou seja, fingir que nada aconteceu. Pois esta postura só adia temporariamente a dor, que ao ser reprimida pode inclusive se converter em doenças. O luto é um processo e precisa ser elaborado aos poucos. Sufocar a tristeza e as lágrimas pode ser muito prejudicial.
Por se tratar de um sentimento singular cada individuo lidará a sua maneira. Muitos querem ficar sozinhos, outros preferem partilhar sua dor com algumas pessoas. Tudo isso ajuda a elaborar o processo do luto na vida. Outros ainda buscarão forças na religiosidade.
Mas independente da maneira escolhida para vivenciar este momento, o mais importante é respeitar seus sentimentos e não sucumbir com a pressão alheia que pode acontecer tanto para te forçar a superar logo quanto a te forçar a demonstrar mais sua dor. Ninguém nunca será capaz de saber como você se sente, por isso, respeite-se acima de tudo.
Então querida L.C. calma, não tenha pressa em descartar essa tristeza, em seguir em frente, em “substituir”. Ainda é muito recente, e talvez esse seja o momento de você estar dedicada apenas a você, num processo de amadurecimento e autoconhecimento, e só depois de concluído esse processo talvez esteja pronta para se entregar em uma novo relacionamento por inteira. Desejo-lhe que possa vivenciar esse enlutamento da forma menos dolorosa possível e que em breve sua felicidade ganhe novas cores, novos amores. Força e calma!
Ficaram com alguma dúvida? Já passaram por algo parecido e gostariam de contar sua experiência? Então não deixem de comentar!
Um grande abraço à todos e até a próxima!
As informações contidas nesta publicação NÃO substituem um atendimento real em setting terapêutico adequado com um profissional psicólogo qualificado.)
***OBS: Quem quiser participar da sessão Apaixonadas no Divã, pode enviar e-mail para blognamorados@gmail.com com este título.***