Olá, queridos leitores! O caso de hoje na Sessão Apaixonadas no Divã é da nossa leitora L.D., que vem enfrentando dificuldades na aceitação da mudança religiosa de seu namorado, acompanhem seu desabafo:
Olá. Namoro há 2 anos e 11 meses, estamos chegando aos três anos com muita luta e amor... Eu e o meu namorado nos amamos muito, mas tenho sofrido bastante, pois no segundo semestre de 2015 ele resolveu sair da igreja batista e frequentar o candomblé. Isso balançou demais a nossa relação já que sou católica apostólica romana praticante e realmente nunca fui muito amante do candomblé e sonho em casar na igreja. Já cheguei a pensar em terminar mil vezes, mas ele é um cara incrível, sou apaixonada por ele. E ele já fez algumas demonstrações de amor muito fortes que me provaram que ele também é louco por mim. Não sei o que faço pois entrei em um processo depressivo onde só choro desde o dia que ele me contou, juntou com alguns problemas familiares o que contribuiu para a depressão. Não tem um dia que eu não chore, de verdade, choro todos os dias. as vezes estou tranquila e, de repente, começo a chorar. as lágrimas vão descendo dos meus olhos sem nem perceber. Me ajuda! Não sei o que fazer, não tenho coragem de contar a minha família.
Por mais bonito que seja o discurso de “Respeito as diferenças”, no fundo sabemos que a aceitação é um processo difícil e, muitas vezes, doloroso. Isso acontece pois desde pequenos somos educados sobre alguns valores e passamos a buscar pessoas que se enquadrem no que aprendemos.
No momento que nos deparamos com algo que é contrário ao que aprendemos surge um conflito muito grande, desmoronando todas as expectativas criadas e é preciso um movimento de revisão interior para ser capaz de lidar com o novo.
A primeira questão a se levantar é a questão do preconceito, muitas religiões são vistas socialmente de uma maneira negativa, como é o caso do candomblé, mas a verdade é que poucos tem conhecimento da filosofia adotada e se baseiam apenas no dito popular. Ao vivenciar este dilema o mais indicado é deixar de lado todos os estereótipos e procurar se informar livre de julgamentos, pois se a pessoa amada buscou essa religião é porque há algo nesta filosofia que ela estava procurando ou necessitando naquele momento. Relacionamento a dois é compreensão e acolhimento, e isto inclui a religiosidade.
No caso de L.D., aparentemente além da reprovação pela religião escolhida pela namorado, parece-me que há um grande medo da rejeição de sua família, que talvez possa influenciá-la a terminar o relacionamento, o que nitidamente ela não deseja, pois deixa claro que a ama muito. O conflito maior não está relacionado a religião, e sim na opinião dos outros, a famosa “o que vão dizer”, “o que vão pensar”... Talvez seja o momento então de colocar na balança o que tem mais importância, antes de qualquer atitude a se tomar.
Não sejamos hipócritas, a opinião de quem está em nossas vidas é muito importante sim, mas também chega um momento em que temos que saber diferenciar o que é nossa opinião e o que é a das outras pessoas, e tudo bem se não forem concordantes, pois pode se tornar uma possibilidade de ampliar horizontes e aprender novos conceitos, partilhar vivências, entre outros.
Outro ponto que gostaria de destacar, é o fato de L.D. estar passando por problemas pessoais, que segundo ela, contribuíram para um estado depressivo. Quando nos encontramos vulneráveis emocionalmente, normalmente buscamos um ponto para ser “alvo” de nossas lamúrias, em psicologia chamamos de “bode expiatório”, que pode ser alguém ou algo. Para entenderem melhor, procurem lembrar momentos em que já não estavam bem, e lembrem-se que de repente começaram a reclamar do trabalho, do relacionamento, das amizades, etc... Perceberam? Então cuidado! Antes de tomar atitudes definitivas é importante resolver o problema interior para ter mais clareza e não ficar influenciado por estes sentimentos.
Outra peça emocional que nos envolvemos é o “sofrimento por antecipação”, não é porque houve uma mudança que esta será definitiva, muitas vezes entramos em um processo de auto conhecimento e ficamos em busca de algo que nos faça sentido, e por isso experimentamos muitas coisas, até nos encontrarmos. Talvez o namorado de L.D. esteja passando por este momento, então quem sabe não seja o momento dela se desesperar pensando que seu sonho de se casar na igreja está desmoronado, não há como afirmar isto neste momento... Por isso ao invés de pensar nos “e se”, seja o momento de se preocupar com o agora.
Sobre contar ou não a família, trata-se de algo intimamente ligado ao seu namorado, e quem tem que decidir se quer que conte ou não é ele, e só então saberá com o que está lidando. Às vezes nos surpreendemos, porque nada acontece como imaginamos que aconteceria, então muita calma nesta hora!
Enfim, resumindo, quando estamos envoltos de múltiplos sentimentos não é o momento de tomarmos decisões, e sim de superar a tempestade. Depois de alinhadas todas as emoções chega o momento de ver o que sobrou e o que podemos fazer com isso.
Então, querida L.D., reflita, e repense até que ponto seu amor por ele é suficiente para suprir suas frustrações com estes fatos que lhe desagradam, e não desista ainda, dê uma chance a si mesma. Desejo de coração que supere este momento difícil e que possa recuperar seu sorriso e, lágrimas, só se for de felicidade!
Um grande abraço a todos e até a próxima!
(As informações contidas nesta publicação NÃO substituem um atendimento real em setting terapêutico adequado com um profissional psicólogo qualificado.)
***OBS: Quem quiser participar da sessão Apaixonadas no Divã, pode enviar e-mail para blognamorados@gmail.com com este título.***